- O escândalo das “dívidas ocultas” foi um verdadeiro “tiro nos pés” no processo de consolidação da soberania económica de Moçambique. Sobre-endividado e com capacidade bastante limitada para mobilizar recursos para satisfazer as suas crescentes necessidades de financiamento, o Governo encontra-se neste momento pressionado para realizar reformas “forçadas” em troca dos empréstimos concessionais e subvenções das instituições de Bretton Woods (Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional) que, cada vez mais, vão fortalecendo a sua influência na economia e promovendo o seu engajamento em áreas políticas e altamente sensíveis.
O actual contexto recorda um pouco a posição difícil que a economia moçambicana atravessou durante a crise da década de 80. Entretanto, enquanto o Programa de Reabilitação Económica (PRE) de 1987 tinha como objectivo resolver a crise resultante do fracasso das estratégias de desenvolvimento socialistas adoptadas após a Independência em 1975, a “nova” intervenção das instituições de Bretton Woods em Moçambique visa recuperar a economia de uma crise que deriva de má governação e corrupção ao mais alto nível do Governo: o escândalo das “dívidas ocultas”